Jornal Correio da ParaíbaDomingo, 3 de fevereiro de 2008
Cidades
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Degradação castiga Picãozinho
Copos descartáveis, papéis, latas de cerveja, pontas de cigarro e diversos outros tipos de dejetos são apenas alguns dos objetos que ‘visitantes’ desrespeitosos deixam em locais como a orla marítima da Capital e em áreas de preservação que são abertas à visitação, como Picãozinho. Mesmo com uma limpeza permanente, o acréscimo de lixo em toda a cidade é de 30%, segundo a Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana (Emlur), durante o verão. Além disso, devido à crescente degradação, técnicos do Ibama consideram a possibilidade de limitar ou de proibir a visita a Picãozinho se os danos causados pelo homem não diminuírem.
O biólogo do Ibama, Ronilson Paz, disse que entre os vários problemas que agridem consideravelmente o ecossistema daquele lugar, o lixo e a visita não consciente são os maiores perigos. “Não gostaríamos de ser alarmistas, mas se a visitação dos corais de Picãozinho não for controlada, se os barcos não deixarem de jogar suas âncoras sobre os corais, do mesmo modo que aconteceu em Maragogi (na divisa de Pernambuco com Alagoas), o Ibama não terá outra alternativa, visando principalmente à proteção deste ambiente tão frágil”, disse.
Picãozinho é um roteiro quase que obrigatório de turistas que visitam a Capital devido a beleza dos seres que habitam o lugar, além da tranqüilidade das piscinas naturais. Há pouco mais de um quilômetro da costa de Tambaú, os arrecifes de corais e os milhares de peixes coloridos também encantam, ao mesmo tempo que sofrem com os inúmeros danos.
Entre as principais atitudes destacadas pelos biólogos como mais agressivas a Picãozinho estão de pisoteio e lançamento de âncoras nos corais, o fornecimento de alimentação aos peixes, excesso de barcos que atracam nos corais e lançamento de detritos no mar. “De todas as agressões que podem ser cometidas a ambientes recifais, a mais deletéria é o fundeio das embarcações nos corais, porque destrói e provoca a perda de tecido, podendo levar a morte do organismo”, disse o biólogo do Ibama.
Ele lembrou ainda que todo esse conjunto de condutas degradantes pode provocar um dano tão sério que o frágil equilíbrio encontrado em um ambiente como este pode ser perdido.
Disciplinamento de barcos
Para tentar coibir a degradação, o biólogo do Ibama disse que já houve várias reuniões com representantes de empresas operadores de turismo de João Pessoa, como a Associação dos Proprietários de Embarcações de Turismo de João Pessoa – Apetep, Colônias de Pescadores, Capitania dos Portos, Secretaria de Meio Ambiente (Semam), Secretaria de Turismo (Setur), PBTur, Associação Paraibana dos Amigos das Natureza (APAN), a fim de discutir soluções para esses problemas levantados.
“Nestas reuniões, ficou acordado a elaboração de um cronograma de visitação aos recifes de Picãozinho, com o intuito de coibir os exageros por acaso observados, a elaboração de um projeto de balizamento e disciplinamento dos barcos na área de Picãozinho e uma análise do impacto da visitação sobre o ambiente recifal de Picãozinho”, contou.
Cada uma dessas ‘tarefas’ será, segundo ele, a cargo de um órgão diferente. Ele disse ainda que, por parte do Ibama, com apoio da Capitania dos Portos, campanhas de conscientização com os operadores dos catamarãs que exploram a visitação de Picãozinho e demais pessoas interessadas estão sendo feitas, bem como uma fiscalização para coibir os abusos.
Os corais, ou recife de corais, constituem colônias que crescem nos mares e podem formar recifes de grandes dimensões que abrigam um ecossistema com uma biodiversidade e produtividade extraordinárias. Além disso, explica o biólogo, os ambientes recifais fornecem uma variedade de bens e serviços à humanidade, como a proteção do litoral contra a ação das ondas (formando verdadeiro quebra-mar), produção de alimentos para as comunidades costeiras, formam berçários para espécies marinhas, bem como os benefícios provenientes do uso recreativo e turístico.
Unidade de conservação
Uma Unidade de Conservação abrangendo os arrecifes de corais do litoral da Paraíba pode ser fundada se todos os estudos que já estão sendo feitos, para analisar a viabilidade do projeto forem realizados com êxito. Entre eles, está o ‘Turismo Sustentável como Alternativa de Desenvolvimento e Conservação do Meio Ambiente em Picãozinho’ coordenado pela Professora Cristina Crispim, do Departamento de Sistemática e Ecologia, da Universidade Federal da Paraíba.
Este projeto foi uma solicitação da Secretaria Executiva de Turismo de João Pessoa (Setur), mas, para que a criação da Unidade de Conservação escolhida pelos interessados no ambiente de Picãozinho seja concretizado, ainda serão necessários estudos sócio-ambientais, além de audiência pública, para se ter certeza que os atores sociais que utilizam desse ecossistema seja consultados.
O biólogo Ronilson Paz disse ainda que com o sem a criação de Unidade de Conservação abrangendo o ambiente recifal de Picãozinho, o Ibama envidará esforços no sentido coibir os exageros. “Picãozinho trata-se de um importante ambiente marinho, considerando que ele é um patrimônio da União, e serão adotadas as seguintes medidas: ordenação de mergulho e pesca, fiscalizados os métodos de ancoragens, estabelecidos planos de zoneamento, bem como controle de visitação e de visitantes”, garantiu.
A principal estratégia proposta para a conservação e uso sustentável dos recifes seria a criação de áreas marinhas legalmente protegidas, no caso unidades de conservação.
“De acordo com a vocação do ambiente recifal de Picãozinho, pessoalmente vislumbro a possibilidade da criação de uma de três categorias de Unidades de Uso Sustentável: uma Área de Proteção Ambiental – APA, esta abrangendo não somente Picãozinho, mas toda a zona recifal da costa da Paraíba, como idealizada recentemente pela Superintendência de Administração do Meio Ambiente – Sudema, que consistia na ampliação do Parque Estadual Marinho de Areia Vermelha e a mudança de sua categoria. Esta proposta, infelizmente não sabemos o porquê foi abandonada pela Sudema”, lamentou.
Até 1998, conta o biólogo, visitavam Picãozinho apenas os pescadores para realizar passeio com a família, pesca artesanal e limpeza dos barcos e dos motores. Foi no final dos anos 80 que Picãozinho foi descoberto como fonte de recursos econômicos.
Junho 22, 2008 at 2:13 pm
Sou geografa (UFPB) e especialista em Educação Ambiental (UFPB) e tenho Curso de Direito Ambiental (Ministrado pelo promotor do IBAMA Franklin). Tenho muito interesse em Recifes Coralinos, pois estudo os mesmos desde 1992, singularmente Picãozinho em JPA-PB, meu trabalho de defesa da Especialização foi sobre Picãozinho com o titulo ” A Mortandade dos Recifes Coralinos e os Impactos Turísticos na Morfodinâmica Costeira: No Recife Picãozinho em João Pessoa/Paraiba – Brasil”.
Os recifes Coralinos é o único suporte dos animais marinhos, ele é tão importante para o Mar, quanto as Florestas Tropicais para o continente, sua preservação é primordial para estudos cientificos (descobertas de espécimes novas, foi extráida da ascídia (espécime encontada nos recifes) a didemnina que atua contra ampla variedade de vírus como o da meningite pelo Profº Clovis Castro-UFRJ). Fico triste pois não tenho autonomia para realizar o trabalho que os recifes coralinos precisam pois a Lei já era para estar sendo aplicada desde 1998, quando foi regulamentada.
A situação de Picãozinho esta preocupante, Picãozinho esta sendo usado como recurso turistico em JPA-PB como piscinas naturais e sofrendo impacto em todas as marés Todos os recifes de corais do mundo estão sendo preservados e outros em pleno estado de conservações. Em Maragogi – Alagoas foi proibida por dois anos a visitação de uma área idêntica enquanto que os nossos recifes coralinos JPA-PB só estão visando o recurso turístico da área.
Vamos ver o que podemos fazer com urgência pois picãozinho está sofrendo grande impacto ambiental com o seu uso indiscriminado. Favor entrar em contato.(83) 88070250. Agradecida.
Atenciosamente.
Profª. Esp. Nilda Maia Leite.