IstoÉ – 08 a 14/07/2007
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Entrevista
Pesquisador diz que tendência dos próximos anos é o esfriamento da Terra e que efeito estufa é tese manipulada pelos países ricos Por RODRIGO RANGEL
Numa conferência, peitou o badalado mexicano Mario Molina, mais tarde Nobel de Química, um dos primeiros a fazer o alerta. Agora, a guerra acadêmica de Molion tem outro nome: aquecimento global. Pós-doutor em meteorologia formado na Inglaterra e nos Estados Unidos, membro do Instituto de Estudos Avançados de Berlim e representante da América Latina na Organização Meteorológica Mundial, esse paulista de 61 anos defende com veemência a tese de que a temperatura do planeta não está subindo e que a ação do homem, com a emissão crescente de gás carbônico (CO2) e outros poluentes, nada tem a ver com o propalado aquecimento global. Boa notícia? Nem tanto, diz. Molion sustenta que está em marcha um processo de resfriamento do planeta. “Estamos entrando numa nova era glacial, o que para o Brasil poderá ser pior”, pontifica. Para Molion, por trás da propagação catastrófica do aquecimento global há um movimento dos países ricos para frear o desenvolvimento dos emergentes. O professor ainda faz uma reclamação: diz que cientistas contrários à tese estão escanteados pelas fontes de financiamento de pesquisa. ISTOÉ – Com base em que o sr. diz que não há aquecimento global? Como, se nessa época o homem liberava para a atmosfera menos de 10% do que libera hoje? Depois, no pós-guerra, quando a atividade industrial aumentou, e o consumo de petróleo também, houve uma queda nas temperaturas. ISTOÉ – Qual seria a origem das variações de temperatura? Me parece lógico que o Pacífico interfira no clima global. Primeiro, a atmosfera terrestre é aquecida por debaixo, ou seja, temos temperaturas mais altas aqui na superfície e à medida que você sobe a temperatura vai caindo – na altura em que voa um jato comercial, por exemplo, a temperatura externa chega a 45 ou 50 graus abaixo de zero. Ora, o Pacífico ocupa um terço da superfície terrestre. Juntando isso tudo, claro está que, se houver uma variação na temperatura da superfície do Pacífico, vai afetar o clima. ISTOÉ – O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, da ONU) está errado? O aumento de CO2 não é um fenômeno novo. Nos últimos 150 anos, já chegou a 550, 600 ppm. Como é que se jogam fora essas medidas? Só porque não interessam ao argumento? O leigo, quando vê a coisa da maneira que é apresentada, pensa que só começaram a medir nos últimos 50 anos. O Al Gore usou no filme a curva do CO2 lá embaixo há 650 mil anos e, agora, decolando. Ridículo, palhaço. ISTOÉ – Esses temores são cíclicos? Sem exagero, eu digo que o clima da Terra é resultante de tudo o que ocorre no universo. Se a poeira de uma supernova que explodiu há 15 milhões de anos for densa e passar entre o Sol e a Terra, vai reduzir a entrada de radiação solar no sistema e mudar o clima. Esse ciclo de aquecimento muito provavelmente já terminou em 1998. Existem evidências, por medidas feitas via satélite e por cruzeiros de navio, de que o oceano Pacífico está se aquecendo fora dos trópicos – daí o derretimento das geleiras – e o Pacífico tropical está esfriando, o que significa que estamos entrando numa nova fase fria. Quando esfria é pior para nós. |
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ISTOÉ – Por que é pior? Molion – Porque quando a atmosfera fica fria ela tem menor capacidade de reter umidade e aí chove menos. Eu gostaria que aquecesse realmente porque, durante o período quente, os totais pluviométricos foram maiores, enquanto de 1946 a 1976 a chuva no Brasil como um todo ficou reduzida.
ISTOÉ – No que isso pode interferir na vida do brasileiro? ISTOÉ – A quem interessaria o discurso do “aquecimento”? ISTOÉ – Mas reduzir a emissão de CFCs não foi uma medida importante? Na Eco 92, eu disse que se tratava de uma atitude neocolonialista. No colonialismo tradicional se colocam tropas para manter a ordem e o domínio. No neocolonialismo a dominação é pela tecnologia, pela economia e, agora, por um terrorismo climático como é esse aquecimento global. O fato é que agora a indústria, que está na Inglaterra, França, Alemanha, no Canadá, nos Estados Unidos, tem gases substitutos e cobra royalties de propriedade. E ninguém fala mais em problema na camada de ozônio, sendo que, na realidade, a previsão é de que agora em outubro o buraco será um dos maiores da história. ISTOÉ – O sr. também vê interesses econômicos por trás do diagnóstico do aquecimento global? ISTOÉ – Não é teoria conspiratória concluir que há uma tentativa de frear o desenvolvimento dos países emergentes? ISTOÉ – Para aceitar a tese do sr., é preciso admitir que há desonestidade dos cientistas que chancelam o diagnóstico do aquecimento global… ISTOÉ – O sr. se considera prejudicado por defender a linha oposta?
ISTOÉ – O cenário que o sr. traça inclui ou exclui o temor de cidades litorâneas serem tomadas pelo aumento do nível dos oceanos? ISTOÉ – Pela sua tese, seria o começo de uma nova era glacial? |
Janeiro 20, 2008 at 2:55 pm
É preciso mais do que paciência para entender e aceitar os contrasensos do Dr. L.C. Molion. Lembro-me que certa vez ele afirmou, em Ciência Hoje, que a emissão de gases destruidores da ozonosfera pelos vulcões (difusivos, principalmente) eram mais importantes do que os lançamentos feitos pelo homem (CFC). Mas, não mencionou que os provenientes dos vulcões eram, em grande parte, lixiviados na troposfera (pelas chuvas) antes de atingirem a ozonosfera. E nem comentou que o poder de difusão do CFC era muito mais eficiente. Além do mais, se já existe emissão natural de gases destruidores da ozonosfera, proveniente dos vulcões (difusivos e explosivos) e que não podemos evitar, mas se podemos limitar as emissões humanas, o bom senso manda que a única opção viável de contrôle é esta última! O mesmo acontece com a emissão do metano (gás dos pântanos), que afeta a temperatura global, juntamente com o CO2. Não podemos evitar a emissão do metano de pântanos e dos arrozais (da China e India, principalmente). Mas podemos limitar a emissão de CO2.
E agora ele reaparece com essa de dizer que o IPCC (iniciativa ligada à UNEP-United Nations Envrionmental Programme, da ONU e constituída por mais de uma centena de cientistas de TODO O MUNDO) é formado por membros de países que não querem ver o desenvolvimento dos emergentes!!! Paciência!!! Assim vejamos seus dirigentes (e respectivos países de origem): o “Chairman” (Presidente) do IPCC é Rajendra K. Pachauri (India) ; “Vice-chairs”: Richard Odingo (Quênia), Mohan Munasinghe (Sri Lanka) e Yuri A. Izrael (Rússia). Alguns dos principais componentes do Grupo I (Bases Científicas) são dos seguintes países: China, Argentina, Serra Leoa, Brasil (Thelma Krug), E.U.A., Reino Unido, Holanda, Japão, Gâmbia, Marrocos, Sudão, Tailândia, Canadá, Arábia Saudita, Venezuela, México, Peru e outros …
A idéia de CO2 lançado na atmosfera ser igual a desenvolvimento é extremamente perigosa aqui no Brasil. Se Lula ficar sabendo, ele manda “torrar o resto da amazônia” para “desenvolver o nosso país”!!! Muitos governantes de países em desenvolvimento assim pensam, ou seja: desenvolvimento só se consegue com destruição da Natureza!
Se o Pacífico tem toda essa importância no clima mundial, como aponta o Dr. L.C. Molion, realmente os estudos sobre as influências da amazônia no clima, estão todos errados… e são inúteis. Afirmar que os dados sobre produção de gás carbônico referem-se a apenas alguns locais, principalmente no hemisfério norte e por isso não devem ser “generalizados ou globalizados” não justifica que devamos esperar que os mesmos sejam coletados no mundo inteiro, para daí então começarmos a pensar em ações.
Acho também ser muito importante observarmos diversos outros indicadores ambientais relacionados à mudança climática. Sugiro observar um estudo realizado sobre a sêca no Sahel (feito por um climatologista alemão e um australiano). Esta região sub-saariana sofre devido a problemas causados pela poluição gerada nos E.U.A. e Canadá. Os poluentes gerados por esses países fazem com que as nuvens formadas nessas regiões e que antes migravam para a África, se precipitem… e assim, o Sahel tem sua situação piorada a cada ano.
No que diz respeito às pesquisas mundiais reveladas pelos periódicos mais difundidos, não parece haver dúvidas de que a concentração de CO2 na atmosfera está aumentando; e quando este gás aumenta, a temperatura global também aumenta, com diversas conseqüências para os seres vivos. Indicadores bio-ecológicos, não devem ser desprezados. Insetos vetores de doenças tropicais, estão conquistando novos habitats, em locais onde eles não ocorriam por serem considerados “frios”. O estádio de desenvolvimento de crescimento e maturação sexual desses insetos é encurtado em temperatura mais elevada. Até os microrganismos de solo, principalmente de regiões temperadas, emitem mais CO2 em temperatura mais elevadas, do que os microgarnismos de região tropical (estes foram os resultados de meu trabalho de pós-doutorado, publicados no Brasil, no Brazilian Journal of Microbiology e na Inglaterra, em Soil Biology and Biochemistry). Larvas de animais componentes de corais, têm se mostrado ser sensíveis às ações de luz UV; daí a possível causa do branqueamento dos corais.
Algumas geleiras na Antártica vêm aumentando como conseqüência do aumento da poluição; um efeito indireto do aquecimento global; ou seja: o aumento da temperatura da água aumenta a evaporação, resultando num aumento da precipitação de neve. A capa de gelo (água doce) assim formada, reduz a transferência de calor das águas mais profundas do oceano, facilitando assim o congelamento da água e o crescimento localizado de geleiras. Esta camada de gelo extra, reflete mais a luz solar do que as águas escuras do oceano. Tomara que o L.C.Molion não diga que isso é prova de que a glaciação já chegou!!!
Salvo melhor juízo, o L.C. Molion parece se sentir injustiçado por não lhe darem ouvidos!!! Se existem pressões dos “grandes contra os pequenos”, como ele sugere, eu acredito que tal tipo de comportamento sempre existiu e existirá; mas eu não penso que toda essa discussão em torno dessa problemática do aquecimento global se deva exclusivamente a tal pressão. Será que temos que “esperar p’ra ver”?!
Feliz jornada a todos que navegam no planeta Terra!
Janeiro 20, 2008 at 3:01 pm
Essa questão de que os gases destruidores da camada de ozônio produzidos pelos vulcões seriam, em grande parte, lixiviados na troposfera (pelas chuvas) antes de atingirem a ozonosfera e que os CFCs produzidos pelo homem são mais eficientes, ocultados pelo Dr. L.C. Molion é extremamente importante, porque mostra que, para assegurar a manutenção de seus argumentos, alguns cientistas podem divulgar apenas parte da verdade. O que será que desta vez o Dr. Molion escondeu da gente?
Janeiro 22, 2008 at 11:42 pm
O professor Molion não somente nada contra a corrente como está correndo um sério risco de dar braçadas em seco antes de sofrer de hipotermia com as suas “idéias” bem fundamentadas em “estudos honestos”, uma vez que as pesquisas que recebem finaciamentos são todas feitas por pesquisadores desonestos que estão envolvidos em trabalhos obscuros, que buscam dar sustentação a uma tese fantasiosa apesar de brilhante. Com um histórico tão recomendável como o dele, deve existir financiamento disponível em algum lugar (talvez no Irã)…Uma pergunta: se podemos contribuir para a sustentabilidade do planeta por quê não fazê-lo? Isso sem importar qual a direção da corrente, desde que seja a favor da preservação do ambiente.